terça-feira, 30 de junho de 2009

A Batalha de Lisboa

Aqui fica o texto lido por Paulo Fidalgo na conferência de Imprensa de ontem:
Fruto da consciência dos cidadãos preocupados com os destinos da cidade de Lisboa, foi lançado um movimento peticionário, transversal às forças e eleitores da esquerda, para superar o divisonismo e a fragmentação que faziam e fazem perigar o futuro da cidade.
O movimento reuniu 1700 assinaturas, conquistando apoios significativos com a mobilização de figuras públicas de intelectuais, artistas e activistas sociais no que constitui uma nova realidade política à esquerda no país.
As batalhas, como a batalha de Lisboa, são para ser travadas quando estão em causa momentos críticos de decisão dos quais dependem os destinos de um dado processo político.
Os peticionários afirmaram a sua voz porque não podiam deixar de intervir, sobretudo num momento em que as incertezas quanto ao resultado fossem mais do que muitas.
Para os peticionários foi inequívoca a necessidade de agir porque mostraram à sua maneira que uma batalha, é melhor ser travada do que não o ser.
Se, pelo contrário, os peticionários abdicassem, compreensível e confortavelmente ancorados na forte indeterminação que o processo naturalmente suscitava, mais adiado ficaria a defesa da responsabilidade e o. empenho numa saída no quadro plural da esquerda.
Desde o lançamento da petição que um conjunto de elementos se desdobraram em iniciativas de bons ofícios, solicitando encontros com as forças de esquerda para que diversos cenários jurídicos e políticos pudessem ser equacionados.
De igual modo influenciaram muitas personalidades para se envolverem em contactos e diligências que viabilizassem a convergência.
A ideia que percorreu a acção dos peticionários foi a de que a natural competitivadade política à esquerda não pode e não deve violar balizas tácticas que redundem em possibilidades mais fortes para a direita.
Por outro lado, deveriam indentificar-se os denominadores comuns que, no imediato, permitissem construir avanços reais para o futuro da cidade e dos seus habitantes.
Se o menor denomidador fosse apenas o do corredor verde para a cidade, ou a cota de 25% de habitações a preços controlados a inserir obrigatoriamente nas novas urbanizações, ou ainda a reestruturação financeira da Câmara com defesa de direitos básicos dos seus trabalhadores, isso já não seria pouco como ponto de partida para a cidade nova que queremos construir.
Mesmo que em tudo o resto ficasse um vasto repositório de ideias em disputa e divergência.
A pluralidade da esquerda não tem de ser desvantagem. Antes deve constituir-se em oportunidade e vitalidade na construção do futuro. Pelo contrário, é o monolitismo da direita coligada que será empobrecedor, se vingar, depois dos desmandos do que foi ao longo do tempo a gestão do PSD.
É pois chegado o momente de informar que houve diálogo como o Partido Socialista, uma reunião com o Bloco de Esquerda e contactos com o Movimento de Cidadãos de Helena Roseta. Do lado do PCP e do Partido Ecologista os Verdes não houve qualquer resposta ou sinal de abertura nem mesmo em termos protocolares.
Na última semana intensos contactos foram promovidos entre as forças políticas da esquerda para uma derradeira tentativa de entendimento. Neste processo, houve empenho de forças e personalidades ao mais alto nível no sentido de oferecer bons ofícios de aproximação. Inclusivamente, a leitura de algumas forças antes arredias da ideia de compromisso acabou por evoluir a favor de um acordo o que confirma que a mensagem dos peticionários fez o seu caminho e alargou apoios.
No entanto, cumpre-nos informar com verdade a cidade de que, chegados à passada 5ª feira 25 de Junho, acabaram por não ter resultado as inúmeras diligências efectuadas.
Esta ausência de efeitos esgota virtualmente, a partir de agora, as nossas capacidades para inverter a situação.
Apesar deste desenlace, não damos por perdido o tempo que empregámos e pensamos que as virtudes do diálogo e aproximação entre as forças de esquerda constitui um investimento que o futuro não deixará de reconhecer como indispensável.
As responsabilidades pela falta de convergência cabem a todos aqueles que, na presente situação, não souberam superar as divergências para encontrarem uma plataforma comum.
Naturalmente que caberá aos cidadãos de Lisboa, em toda a sua diversidade, pedir os pertinentes esclarecimentos públicos e agir para o melhor resultado final.
Embora o nosso apelo não tenha sido escutado, ficou claro que um número particularmente qualificado de lisboetas defendia – e defende – uma convergência à esquerda como solução para a cidade.
Lisboa vai para eleições a 11 de Outubro em condições muito mais difíceis e arriscadas do que todos desejaríamos.
Neste quadro de grandes dificuldades, estamos mesmo assim confiantes de que os eleitores de Lisboa saberão escolher as melhores soluções para uma saída positiva para a cidade.
Lisboa, 29 de Julho 2009

1 comentário:

  1. Falhou, portanto, o apelo à convergência de Esquerda para Lisboa. O facto não me surpreende, pois nunca acreditei na sua viabilidade, quer pela extemporaneidade da iniciativa, quer por não estarem maduras as condições que acabarão por obrigarem os partidos a avançarem para essa convergência, e não apenas a nível da autarquia de Lisboa, mas de todo o país e a nível legislativo. A abstenção, os votos em branco e nulos, o alheamento dos eleitores e do povo em relação aos "políticos", são a evidência das alterações que se impôem na estratégia das forças de esquerda para alcançarem o poder e aplicarem as orientações políticas identitárias dos valores da Esquerda. Até lá, os trabalhadores continuarão a apanhar "porrada", que será cada vez mais dura.

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