domingo, 26 de abril de 2009

O que dizem os críticos


CÂMARA DE LISBOA - CONVERGÊNCIA DE ESQUERDA?
Carlos Fonseca, Blog Aventar, 13-04-2009

Hoje, o jornal ‘Público’ noticia o lançamento via Internet de uma petição, já subscrita por cerca de 170 nomes – os nomes é que subscrevem? - intitulada “Apelo à Convergência de Esquerda nas Eleições de Lisboa”. Diz Carlos Fonseca no AVENTAR
A referida petição, ainda segundo o ‘Público’, “será entregue aos partidos políticos e movimentos de cidadãos que concorrem às eleições autárquicas”. Há mil e uma questões a submeter aos protagonistas da iniciativa. Todavia, uma primeira que me ocorre é sobre a frase “será entregue aos movimentos de cidadãos”- para quê? Ou é erro do ‘Público’ ou há a tentativa de manipulação da opinião pública, por Paulo Fidalgo e/ou outros protagonistas da petição. Com efeito, enjeito a possibilidade dessa gente ignorar o estabelecido no n.º 1 do art. 17.º da Lei Eleitoral das Autarquias Locais, Capítulo II – Apresentação de Candidaturas. A hipótese de manipulação é, para mim, a mais plausível; por mera coincidência, Helena Roseta, em nome dos Cidadãos por Lisboa, acaba de declarar em entrevista a Luís Novaes Tito do ‘Público’, sim do ‘Público’, o seguinte: “há um impedimento legal à participação de movimentos como o nosso em coligações eleitorais”. Tudo isto significa o quê? Que podemos estar em presença de mais uma manobra, desta vez realizada, sem mestria, por Paulo Fidalgo e companhia, sob a produção do PS – Mário Lino, outro renovador; este último, lembremos, com o topete da renovação do Cais de Contentores de Alcântara sem concurso público, e com adjudicação à TERTIR / MOTA-ENGIL. O Bloco Central, a 18 de Janeiro deste ano, urdiu e aprovou a Lei Eleitoral das Autarquias Locais. PS e PSD, partidos de governo, sempre que necessário, entendem-se. Propositadamente, ignoram as outras formações partidárias e os movimentos de cidadãos, na maior parte do tempo. Nestas acções, o PS assume-se como um exímio autista. Escolhe o caminho de constantes derivas. Apenas confrontado com o risco da perda de poder recorre ao expediente ardiloso de se querer aliar ao PCP, ao BE e a tudo o que lhe cheire a esquerda. A história política é demasiado fértil em alianças do género, na maioria das democracias ocidentais. Maurizio Cotta em ‘Democracia, Partidos e Elites Políticos’, editado por Livros Horizonte (Circap - Centro Interdipartimentale di Ricerca sul Cambiamento Politico: Maurizio Cotta), é bastante eloquente quanto ao fenómeno das relações intra e interpartidárias, abordando a tese dos partidos descartáveis. Invoca o exemplo da coligação, em finais dos anos 1970, dos Partidos da Democracia Cristão e Comunista de Itália (Compromisso Histórico). Quando ficou seguro da grande erosão do eleitorado do PCI, o PDC extinguiu o compromisso. A “convergência de esquerda”, agora engenhosamente oferecida pelo PS, poderá fazer incidir sobre a esquerda autêntica um segundo golpe eleitoral, complementar daquele que o mesmo PS aplicou na aprovação da Lei Eleitoral das Autarquias Locais; lei que, recorde-se, concede ao partido vencedor o direito a uma Presidência privilegiada pelo benefício da escolha, entre os eleitos de confiança, de 2/3 dos vereadores. Note-se que à falta de proporcionalidade estabelecida adiciona-se o facto de, em Lisboa, o número de vereadores ficar reduzido de 17 para 12, a partir das próximas eleições. Ou seja, a concelhia de Lisboa do PS quer António Costa e mais 8 amigos vereadores. Toda esta gente é de esquerda a sério? Duvido e com as derivas do PS estão os portugueses desiludidos. Coliguem-se com o BPN ou o BPP.

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